Acordou assustada com o sonho esquisito. As dores na coxa a lembraram que acabara de dormir no chão. Sentiu frio e procurou por seu pijama amarrotado. Retirou a cinta-liga e as meias com todo o cuidado para não acordar o corpo nú deitado ao seu lado. "Deve estar sonhando", ela pensou. Pelo quarto, roupas jogadas, latas de cerveja, cama desfeita, porém vazia. Fitou, no escuro, a expressão no rosto alheio e sorriu. Depois de tantos meses, era a primeira vez que o cansaço havia falado mais alto. A intimidade pareceu encontrar seu ápice. Ali, nenhuma ação contida, calculada, envergonhada ou habitual se manifestaria. Eram dois corpos nús sobre o edredom, dois amantes esgotados de uma noite. Ela voltou a se deitar, protegendo o corpo do frio do ar condicionado.
4 comentários:
É isso a felicidade?
Sim, muita felicidade.
se jogar sem medo, nu, e a felicidade de olhar pro lado e ver a reciprocidade de outro corpo, também nu, ao seu lado, não tem preço.
A preciosa descrição de uma situação quase chamou mais a minha atenção do que a cena propriamente descrita. Mas o uso das vírgulas foi me levando por uma lenta caminhada para dentro da cena, as vírgulas do texto parecem um caminho. Vi um momento que pode ser feliz ou não, para mim, mas certamente, um momento muito "familiar".
Lua Adversa
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